Livro de Historias: True passion
Cast: Giacomo Casanova, Francesca Bruni, Giovani Bruni, Victoria, e outros
Location: Veneza
Sinopse: Quando um jovem bon vivant de uma rica familia venezience, encontra uma jovem e romantica jovem de outra familia venezience, eles poderiam formar o que se chama de uma bela historia de amor. Mas quando as duas familias são rivais mercantes e quando a fama de sedutor, de ladrão da pureza feminina do rapaz se alia ao fato da jovem e determinada moça ser noiva de outro, isto torna a historia um pouco mais complicada. Estaria o jovem disposto a abdicar de suas regalias de seus amores, por um único e verdadeiro amor? E estaria ela disposta a ensinar-lhe o amor verdadeiro?

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11:42 PM

Ato V: E o noivo conhece sua prometida...

As luzes se apagam em Papprizzio, Francesca e Giuseppe, e acendem em Casanova, Lupu e Victoria:

Giacomo mantinha os olhos presos aos de Victoria e não soltou-lhe as mãos de imediato, deixou-se ficar por mais um tempo, o exato de se desejar mais e o faltar para que se sinta saudade do calor dos dedos entre os dela.. e ela dizia que a amiga era a mais bela dama de Veneza.
- Tua modéstia a torna ainda mais encantadora, minha senhora.. - sorriu e a viu responder ao cumprimento rude do irmão, e por deus será que ele não conseguiria soltar-se um pouco mais? Por trás de Lupu viu a mesa onde seus pais estavam. E os acenos de sua mãe a lhe dizer que estava lindo.. Sorriu para a mãe por sobre o ombro de Victoria sem que ela percebesse e então voltava os olhos verdes para a menina..
- não minha bela dama.. eu tenho total certeza de que meus olhos nunca pousaram sobre tamanha beleza divinal.. como um busto de marfim talhado por preciosas mãos de graciosos artesãos.. e juro que de meus lábios nunca saíram palavras de tamanha verdade.. - escutava ela falar que agora a amiga seria feliz e então virava-se para ver a mulher que trajava preto e controlou o riso o máximo que pôde.. aproximando-se de seu irmão, para cochichar-lhe ao ouvido.
- Então é isto?? Os Bruni deram ao Duque Mirim um corvo?! *controlava-se para não rir* ora meu irmão, não sei pq se preocupas tanto.. o Duque não ficará mais que duas semanas a cortejar um corvo!! De tão feia a criatura precisa esconder o rosto!!!!

Giovanni via.. o estúpido casanova a cortejar sua preciosa Victoria, era isso? Os olhos castanhos tornavam-se sombrios ao vislumbrarem aquele cumprimento, aqueles imundos lábios a triscar na pra e casta pele de Victoria, mesmo que fosse sobre as luvas de renda, bateu a taça com força sobre a bandeja de prata que passava por ele naquele momento e escutara anunciarem o nome da irmã foi o único motivo que o fez desviar os olhos do seu objeto de desejo cortejado para então quase i9nfartar.. arregalava os olhos engasgando com o ultimo gole que tinha dado na champagne.. e tossia.. tossia forte ao ver a irmã trajar negro para sua festa de noivado..
- Giovanni.. estás bem? - era a mão do conde de Parma que lhe dava leves tapas para que desentalasse com o liquido.
- Cof.. - ele acenava para que o conde parasse de bater pois estava bem - Não .. eu estou bem conde.. obrigado.. - respirava fundo deixando os olhos pousarem mais uma vez na irmã.. ela era louca e queria desgraçar a família.. tal qual sua mãe fizera um dia ao se suicidar.. o que ela queria acabar com um rentoso futuro casamento?
- Perdão conde.. devo participar das festividades agora.. - e despedia-se com uma leve e cortez reverencia do Conde.. caminhando para onde estavam seu pai, sua irmã e seu adorado e rico futuro cunhado, passava por trás de Francesca, para abraça-la sussurrando ao ouvido da irmã.
- O que está querendo? Arruinar tudo que planejamos? - murmurava para que apenas ela escutasse.. e então voltava o rosto num garboso sorriso - Minha irmã é espirituosa Duque..
Victoria: Victoria, sorriu a todos os gracejos de Giacomo, obviamente aceitava-os um a um, faziam bem a seu âmago e também era um modo de estudar como iria conquistar o endiabrado rapaz, mas por hora tinha que prestar mais atenção em sua amiga do que nele, após erguer-se e cumprimentar Lupu, não mais dava atenção ao rapaz, mantinha os olhos em Francesca, no pai dela que saia de perto e em Giovanni que se aproximava do casal, obviamente a saúda-los, olhou de canto de olhos para o rapaz que sussurrou algo a Lupu e logo murmurou
- ..Esconde algo de mim ao ouvido de seu irmão?... - olhou de canto de olhos ainda para Casanova, e deixou-se sorrir levemente.

As luzes se apagam no canto do salão e se acendem no centro, onde estão Papprizzio, Francesca e Giovanni que se aproxima.

Francesca Mantinha-se ao lado do pai e não ligava para qualquer comentário sobre seus trajes e seu véu, os olhos voltavam-se única e inteiramente a seu pai, e quando ouviu o noivo ser anunciando, virou a face e deixou os olhos azuis, focarem-se no loiro, Deus, que roupas eram aquelas, mais lembrava uma árvore de Natal do que um homem, era um moleque, adivinhava sua idade pelos seus traços, então era isto, iria criar um pirralho e não aturar um marido, tanto pior. Logo deixou-se fitar o rapaz, e seu pai o olhava a sorrir, segurando a mão de Francesca, a delicada mão de unhas bem feitas, observou o rapaz caminhar em sua direção, e logo entregou a mão de Francesca a ele, a sussurrar.
- ..A mais bela noiva que o Senhor poderia ter....- e logo saiu de perto, deixando o casal a sós, e obviamente querendo se livrar logo daquela situação,
Francesca voltou-se a Papprizzio, o belo rosto escondido pelo veu e sussurrou
- ..Meu adorado noivo... - logo fez uma leve reverencia, tendo a plena certeza que ele estava odiando seus trajes, oras se ela ia a forca, arrastaria ele junto.

Papprizzio permanecia de pé diante daquele ultraje que o homem insistia em dizer que era a mulher mais linda de toda a Veneza, havia mandado espiões para checarem a veracidade dos fatos, e lhe confirmavam a afirmação daquele homem entregue a vícios.. suspirou exasperado sem deixar que as sobrancelhas voltassem a posição convencional no rosto desconfiadamente jovem.
- E posso saber porque a minha tão prestimosa noiva vem trajando negro no dia do seu noivado? Acaso estaria ela a me agourar? Estaria ela sonhando com a viuvez e isto vem num prenuncio de seus sonhos torpes?! - Escutava o irmão da noiva, e quem era ele mesmo? A sim.. Giovanni Bruni, sim, lembrava dele.. ao menos achava que lembrava... ele dizia que ela era espirituosa.. sorriu amarelo para o homem que se postava ao lado de sua irmã, tendo o pai a fugir como o diabo corre da cruz.. e ela lhe cumprimentava como adorado noivo. Deixou-se sorrir, não poderia dar uma cena agora.. haviam convidados, mas depois com toda a certeza ensinaria para aquela como se portar diante de convidados de toda a corte
- Ao menos ela veio adestrada.. - sorriu de canto tomando-lhe a mão e com ar altivo caminhava para a mesa onde estavam dispostos seus lugares ao lado de grandes nomes da Itália.
- Ótimo.. agora serei Papprizzio.. o Duque noivo de uma viúva.. não tinha nada mais alegre para vestir? - falava entre os dentes enquanto caminhava com ela e para os convidados pareceria que o jovem loiro estava a sorrir.
- Não vê que negro não combina com os meus trajes? Eu mandei que meus empregados lhe dessem o indicativo de quais cores usar para esta solenidade..

Mantinha-se a sorrir, única e exclusivamente ao noivo, sentiu o abraço do irmão e o sussurrar ao ouvido, e nada respondeu, após o irmão justificar suas atitudes, ela apenas, sorria à Papprizzio, ouvindo ele perguntar se acaso ela estaria a agoura-lo, nada respondeu ainda, manteve-se calada, imaginava a ira que ele estava sentindo, e sinceramente? Não se importava, ele não tinha honra e tão pouco maturidade, pedira para comprar uma noiva, escolheu a que todos diziam ser a mais bela, para ostenta-lo como um belo pingente a tira colo, aí tinha o seu presente, o seu presente comprado. sentiu ele lhe tomar a mão, e levando a mão delicadamente a laterial do vestido, segurou-a e caminhou pelo salão, a não deixar o mesmo arrastar ao chão, ouvia as palavras do Duque que saia pelos dentes cerrados e logo sussurrou.
- ..Oh, me perdoe meu noivo, sempre me disseram que preto é a cor que melhor me veste, queria estar verdadeiramente bela a ti, para ter certeza que compraste o melhor que Veneza pode lhe oferecer. Não pensei em nenhum momento que isto poderia ferir suas expectativas de bom comprador, infelizmente não trouxe outra peça, terei de ficar com esta mesmo, a qual achei que serviria de grande visão a seus belos olhos...
Sorriu de leve a ele, fitando-o de canto de olhos.
- ..Mandastes me informar é? Pois saiba que nenhuma informação me chegou, vai ver me confundiram, tantas damas belas a preferir trajar preto, devem ter dito a outra, achando ser eu, a doce dama...Peço perdão novamente, adorado noivo...

As luzes se apagam no centro do salão e voltam ao canto, onde Casanova, Lupu e Victoria estão.

E estava ali ainda a ser cutucado por seu irmão, para que parasse com suas canastrices em falar mal da noiva agourenta que o jovem duque havia conquistado, E mesmo a expressão severa de Lupu parecia começar a ceder espaço e lugar para um sorriso que insistia em brotar no rosto, claro que vangloriava-se de ver o papelão que os Bruni acabavam de passar diante de toda a corte. e Casanova escutava a doce voz de Victoria ser pronunciada adiante dele, deixou que os olhos verdes desviassem do corvo que era conduzido pelo Duque para a mesa principal e aproximou o corpo um pouco mais de Victoria chegando a quase encostar-se nela, e inclinou um pouco o rosto de modo que os lábios ficassem excessivamente próximos do ouvido naquele momento
- Estava a falar ao meu irmão o quanto me daria prazer poder leva-la para passear aos jardins.. ou mesmo ser digno de teus olhares e sorrisos, linda Victoria.. - murmurou, tomando o cuidado de deixar que os lábios roçassem de leve o ouvido ao falar, causando arrepios na jovem e pura Victoria..
- Mas sei que seria uma enorme pretensão de minha parte, eu um simples e comum jovem, almejar um dia quem sabe desfrutar de teus lábios um suave e delicado beijo.. - falava a palavra beijo quase num sopro de ar ao ouvido da jovem e afastava-se novamente mantendo as mãos para trás da casaca.. e começava a ficar curioso com o grau de feiúra que aquela mulher devia possuir.

Victoria mantinha os olhos presos a Francesca, e Papprizzio, devia estar a soltar fogo pelas ventas ao vê-la daquele modo, esperava a mais bela e bem vestida e sorridente para exibir a todos e viera aquela futura viúva a agoura-lo, suspirou fundo, e então pode sentir o corpo do rapaz, o quente corpo do rapaz tão próximo de si, quase a se encostar nela, e não desviou os olhos de Francesca e dos outros, embora a atenção já fosse tomada pelo Casanova, sentiu os lábios tão próximos a seu ouvido, a sussurrar aqueles gracejos, na certeza que ele a queria para ser somente mais uma junto a si, mas não tinha como não querer ouvi-los, como não quere-lo ali, tão perto, suspirou fundo, e abaixou lentamente a face, virando-a pro lado, deixando os lábios dele colarem-se a seu rosto, a sua pele suave, e logo sussurrou
- ...Ora que mal há de fazer um passeio aos jardins não?...Será um imenso prazer, jovem Casanova, mas antes esperemos a cerimônia de oficialização dos laços e então serei sua companhia como bem deseja...
Ficou a observar o rapaz se afastar e voltar sua atenção ao grupo logo adiante, e logo virou-se também, mantendo os olhos ao grupo, mas o corpo, estava quente, precisava se abanar, bateu o leque a cintura, e o abriu, abanando-se.
As luzes se apagam no trio de expectadores e se acende novamente nos noivos.

Ele a olhava pelo canto dos olhos e sentia a raiva crescente e pq achava que ela lhe estava fazendo de idiota? Mas não tinha maturidade suficiente para entender o tom de ironia perfeitamente, apenas julgou que ela estava a fazer piadas de um tolo bufão e sorriu .. deixou-se sorrir.
- Pois eu não acho e como seu futuro marido e senhor eu decreto apartir deste dia que use apenas os tons sobre tons que eu lhe recomendar.. assim ficaremos a combinar as vestes, não seria de bom tom que a Duquesa de Veneza surgisse aos salões da corte trajando algo que destoasse de seu marido.. hm?
Cumprimentava a alguns enquanto seguia com ela, esperando que se sentasse primeiro, para que depois ele viesse a sentar
- E por que diabos está usando este pano no rosto? Está doente? Caiu-lhe algum dente!? Chorou em demasia e está com os olhos a ostentar inchaço!?
Meneava a cabeça negativamente
- É a ultima coisa que compro sem olhar.. eu juro.. amanhã mesmo vou a Parma verificar os cavalos que o Conde está a querer me vender..

Francesca deixou-se guiar pelo noivo, e ouvia-o falar, aliás, decretar o que ela devia e não devia usar, e ele queria que ambos combinassem as cores das roupas, mas que teatro fajuto! Que ultraje, queria virar-lhe a mão a face naquele mesmo instante, mas deixou-se sorriu e sussurrou.
-....Quanta sorte a mim, não somente tenho uma marido, mas também um estilista, um alfaiate, um crítico de tons e um apreciador de roupas. Nossa Deus me há de ser muito bom deixando que meu pai me vendesse a você...Oh irei rezar muito hoje por esta prenda....
Observou ele afastar sua cadeira, e sentou-se ajeitando o vestido, mantendo o veu sobre o rosto, esperou ele se sentar a seu lado, e logo sussurrou- ...Pois somente a ti pertence a minha beleza meu Duque, e a mais ninguém, a não ser que o Senhor queria exibi-la, como sabes, mandas nas minhas roupas, mandas no meu véu também, então se quiser, exibir a bela face que comprou para que todos cobicem e agoure, então que seja, a escolha é sempre sua, meu adorado noivo e Duque Papprizzio...


Contado por Livro de Histórias

8:35 PM

Ato IV – A grande festa da noiva gralha.

Giacomo e Lupu chegavam finalmente ao local destinado ao baile, e carruagens ainda podiam ser vistas a parar frente ao palacete, onde luzes eram ostentadas em toda a sua beleza e cores. As belas damas desciam acompanhadas por seus pais, noivos ou irmãos, a conduzir a aba dos pomposos vestidos para que não sujassem e assim parava finalmente a carrugem com os irmãos e Lupu descia primeiro
- Não sei como consegue dizer tantas asneiras num espaço tão curto de tempo Giacomo... juro que não entendo...
E Giacomo ria enquanto saltava da carruagem, ajeitando a bainha da espada à cintura.
- E desde quando é besteira falar das saias da irmã Beatrice?! Lupu.. lhe juro que nunca vi nada mais belo que aquela noiva do Senhor.. alias.. - olhava para o céu - Devo admitir que tens muito bom gosto, senhor.. nunca provei lábios mais doces.. e nunca senti tanto calor entre as pernas de uma dama.. juro.. Recebia um safanão na cabeça dado pela pesada mão do irmão.
- Isso são modos de falar de uma serva de Deus, seu herege.. e cale-se Giacomo.. se o bispo de escuta, vai ordenar que o inquisidor lhe tire o couro e pendure nas gôndolas de Veneza.. - e Lupu seguia na frente sendo seguido pelo jovem Giacomo que ria solto
- Oras Lupu, não estou a dizer nenhuma mentira.. Deus tem muito bom gosto no escolher de suas noivas.. ah tem sim..
As portas do salão do palacete eram abertas e os olhos verdes musgo de Casanova puderam vislumbrar o salão e como um predador procurava por mais uma bela dama a destilar suas atenções - E voilá! Vamos a caça meu amado irmão.. hoje te faço adormecer entre as pernas de uma donzela.. nem que tenha de embriaga-lo de champagne caro as custas do Duque Mirim Papprizzio....
E não é que haviam belezas encantadoras naquele lugar? Os olhos experientes de Casanova pousavam sobre a jovem de trajes brancos e castos.. Victoria.. a conhecida e tão falada virgem de Veneza.. Lupu observava entediadamente aquele luxo inteiro que se expandia a seus olhos
- Ora..mas não me conformo com isto.. com os Bruni ostentarem tanta riqueza.. o que acha Giacomo? Giacomo?!
E o irmão já não lhe dava nenhuma atenção, era apenas sorriso para a bela dama de branco que mantinha-se isolada do resto do salão.
- Meu amado irmão, irei ali.. ahn.. transmitir o meu mais delicado cumprimento à prima do noivo.. - e dava dois tapinhas nos ombros de Lupus caminhando pelo salão, os olhos verdes pousados sobre os de Victoria.

Victoria mantinha-se isolada, como todos diziam que a bela e cobiçada jovem gostava de ficar, longe dos pensamentos mundados e da hipocrisia celestial daquele lugar de anjos caídos, assim seriam os pensamentos de Victoria a quem fizesse alusão a sua imagem, e ela não percebera o olhar sobre si de Giovanni? Obvio que sim, percebia cada olhar, e sabia o que cada qual representava, mas "era casta demais para retribuir", suspirou fundo e logo virou lentamente o rosto, até que os olhos encontraram os sonhadores de Giovani, ela sorriu de leve ao mesmo, e reclinou a cabeça e o corpo em um cumprimento de respeito a distancia, depois voltou os olhos ao ambiente, esperava ansiosa a chegada de Francesca, e por Deus, que ela tivesse mudado de idéia sobre aquele maldito vestido, os olhos passavam pelo local desinteressados, aquelas festas eram sempre tão entediantes.

Giovanni quase deixou que a taça de cristal lhe caísse das mãos quando teve o seu olhar a cruzar com o de Victoria, e tremia, sentia as mãos a suarem de um modo compulsivo que chegava a pingar no piso lustroso do salão... conseguiu responder o cumprimento delicado que ela lhe dava e ainda arriscou um breve sorrir, mas não sustentava o olhar por muito tempo, voltava o rosto para dar uma falsa atenção ao Conde de Parma e a observava pelo canto dos olhos, no exato momento em que vira aquele maldito entrar no salão. Os Casanova tinham a audácia de aparecer no noivado de sua irmã? E para quem ele olhava? Os olhos de Giovanni seguiram os de Giacomo e contorceu-se de raiva ao perceber com os de quem ele cruzava.

Apagam-se as luzes de dentro do salão, acende-se a luz do cenário do lado de fora, onde no jardim diante da casa, a carruagem que trazia Francesca e Giuseppe para.

- Chega pai, entremos logo!.... - Francesca já não agüentava mais os agradecimentos de seu pai, segurou firme ao braço dele, e passou a mão a saia do vestido a alisando mais, arqueou de leve o corpo, deixando-o ereto, e suspirou fundo erguendo a face por baixo do véu negro e rendado que cobria todo seu rosto, e sussurrou - ..Dê-se por sortudo de eu não vir com uma corda a pendurar-se a meu pescoço....
Caminhou pomposamente na direção da entrada do salão, sobre o tapete vermelho que a recebia, de súbito a musica parava ao salão, e a voz estridente anunciava a entrada
- ....A futura Duquesa Francesca...!!!...
E logo todos os olhares do salão voltavam-se a bela, que a entrar de preto parecia chocar a todos, e os lábios não se abriam em um sorriso, mantinha-se apáticos assim como toda ela, e ela deslizava pelo salão com seu pai, na direção da mesa dos noivos, sorria a sua amiga Victoria logo que os olhos puderam deslumbrar a virgem de branco, e sussurrou a seu pai
- ..Que anjo está Victoria...
O homem voltou os olhos a bela menina, e sorriu a filha
- ...Ah minha doce Francesca, sabes que toda aquela candura não chega aos pés de sua beleza de Deusa...
Francesca suspirou quanto mais seu pai tentaria aliviar seu prejuízo sentimental com aquelas elogios terríveis de se ouvir, cortejos pobres, enfadonhos, tinha vontade de responder, de mandar que se calasse, mas como uma boneca de marionete que é o que era aquela noite, seguia a mesa dos noivos, mas logo um dos empregados, conduziu-os ao centro do salão, a sussurrar
- ...Duque Maldonatto será anunciado....

As luzes se direcionam para onde está Victoria, tendo o jovem Casanova a caminhar até ela.

Victoria mantinha-se sentada, com o vestido a cobrir toda a cadeira e toda aquele branco, criava uma atmosfera de luz especial em volta da jovem, os olhos desviaram-se dos de Giovanni, e logo voltaram-se ao salão, e por fim a Casanova, vendo o belo e mal falado rapaz entrar, com toda sua espontaneidade que lhe agradava e muito, muito mais do que qualquer homem já a agradou um dia, e talvez não pudesse confessar nem a sua melhor amiga, mas vestira-se assim para ele, cada peça, o perfume, os cabelos, a rosa, tudo para ele, para chamar sua atenção, como jogar uma isca para que ele viesse até ela corteja-la, e mal queria saber se Giovanni gostara ou não, quando o rapaz caminhou até si, Victoria se fez de rogada, deixando a face abaixar, corada levemente, e voltou os olhos ao chão, esperando a aproximação, e somente ergueu a face, quando o nome de Francesca foi anunciado, e não bastasse o vestido negras, Victoria teve de ainda vê-la a usar um véu negro a cobrir o rosto, mas lembrava uma viúva do que uma noiva, talvez fosse isto que quisesse ser, sorriu a amiga, e logo voltou os olhos a Giacomo, esperando pelo cumprimento do belo rapaz.

Casanova passava espontaneamente por todo o salão, o jovem possuía movimentos graciosos como se fosse capaz de bailar ao simples caminhar, como se as pessoas acabassem por abrir caminho para a aura vivaz que o circundava.. e ele deixou-se sorrir num misto de provocação e divertimento para a jovem que corava e por Deus como gostava quando elas coravam daquela forma, mais sob os lençóis que cobririam os corpos durante os atos de amor... Deixou-se aproximar da bela Victoria e os olhos verdes não se desviavam da jovem virgem. Por pouco tempo se dependesse das vontades de Casanova.. parava os passos estando diante dela quando escutou o anunciar da noiva do Duque Mirim e não se deu o trabalho de desviar os olhos da bela mulher à sua frente.. não se desvia a atenção de uma mulher para outra, isto sim seria descortez.. ainda não tinha visto a forma “excêntrica” com a qual se vestia a jovem noiva do Duque mirim.. esperou que os olhos de Victoria tornassem aos dele e então inclinou o corpo num reverenciar galanteador
- Srta. Victoria.. - sorriu tomando a pequenina mão da jovem e levando-a aos lábios sem desviar os olhos dos dela, e sem permitir que a mão lhe tocasse os mesmos, queria deixa-la apenas sentir o calor que emanava deles e fazer com que sentisse toda a vontade em saboreá-los tão logo fosse possível - Estás a mais linda dentre todas as damas deste baile.. e eu ousaria dizer que de toda a Veneza....
Tão logo erguia os olhos, lá estava seu irmão como uma sombra, mas que diabos ele fazia ali já atrás da jovem.. e como ele conseguia chegar ali? Fez uma suave careta como que mandasse o gigante Lupu sair dali.. que ele estava a cortejar a dama.. indicando com a cabeça para que ele saísse.. e voltava a sorrir para a jovem Victoria..como se nada tivesse acontecido.. Lupu mantinha-se onde estava.. não entendia mesmo de ventriloquismo ou de “careterismo”.. ali seria melhor para ver a prostituição de luxo a que os Bruni submetiam a caçula de sua prole.

Victoria, mantinha os olhos de um azul tão claro como o céu sobre os de Casanova, e logo observou ele reclinar o corpo, e sorriu de leve, sentindo a mão ser retirada do próprio colo, com todo cortejo que era evidente no jovem, e apenas manteve os olhos sobre os dele, sorrindo muito de leve, com o canto dos lábio, sentia os lábios próximos mas que não tocavam sua pele, e logo abaixou um pouco o rosto, corando-se, mais sussurrou
- ...Que encantadora surpresa, jovem Giacomo....Pensei que não poderia ter o privilegio de sua presença nesta noite, a noite em que meu belo primo, há de casar com a mais bela dama de Veneza...
E logo pode ouvi-lo dizer que ela que era a mais bela da festa e podia até mesmo ser a de Veneza, deu uma risada baixa, abanando a mão ao ar - ..Ora, querido Casanova, deixe disto, assim me envergonha..sei que cortejas a todas deste modo, não vou me iludir com tão preciosos elogios, mesmo que venham de tão belos lábios... - desviou a face pro lado, e logo ergueu o olhar, vendo Lupu atrás e aquele sinal de Giacomo para que o homem se retirasse, e deixou-se sorrir, erguendo-se da cadeira, segurou o vestido e reclinou o corpo em reverencia.
- ...Senhor Lupu Casanova... - sorriu de leve, e logo voltou os olhos a Francesca - ..Oh, deixe-me admirar minha bela amiga...hás de ser muito feliz a partir de hoje....
Giacomo mantinha os olhos presos aos de Victoria e não lhe soltou as mãos de imediato, deixou-se ficar por mais um tempo, o exato de se desejar mais e o faltar para que se sinta saudade do calor dos dedos entre os dela.. e ela dizia que a amiga era a mais bela dama de Veneza. Tua modéstia a torna ainda mais encantadora, minha senhora.. - sorriu e a viu responder ao cumprimento rude do irmão, e por Deus será que ele não conseguiria soltar-se um pouco mais? Por trás de Lupu viu a mesa onde seus pais estavam. E os acenos de sua mãe a lhe dizer que estava lindo.. Sorriu para a mãe por sobre o ombro de Victoria sem que ela percebesse e então voltava os olhos verdes para a menina..
- Não minha bela dama.. eu tenho total certeza de que meus olhos nunca pousaram sobre tamanha beleza divinal.. como um busto de marfim talhado por preciosas mãos.. e juro que de meus lábios nunca saíram palavras de tamanha verdade.. - escutava ela falar que agora a amiga seria feliz e então virava-se para ver a mulher que trajava preto e controlou o riso o máximo que pôde.. aproximando-se de seu irmão, para cochichar-lhe ao ouvido.
- Então é isto?? Os Bruni deram ao Duque Mirim um corvo?! - controlava-se para não rir - Ora meu irmão, não sei pq te preocupas tanto.. o Duque não ficará mais que duas semanas a cortejar um corvo!! De tão feia a criatura precisa esconder o rosto!!!!

As luzes se apagam no salão e acendem no próximo cenário, aposento de Papprizzio.

Papprizzio estava a andar de um lado a outro do enorme aposento..
- E onde ela está Rômulo!? O que ela acha!? É um jantar de noivado.. ela pensa que já estamos a selar matrimonio!? Oras.. alguém vá busca-la.. e se ela não vier?! - arregalava os olhos num espanto - Se ela não vier eu juro que mando decapitá-la e colocar a cabeça dela na entrada de Veneza.. - batia fortemente uma mão na outra e contorcia o rosto um segundo depois pela dor que causava a si próprio - aaoow.. - sacodia as mãos voltando o corpo para olhar severamente aos criados que continham o riso.. e finalmente um dos criados do palacete irrompia pelo aposento.
- Meu senhor.. meu senhor.. - o homem parecia assustado e Papprizzio vertia os verdes olhos para ele.
- O que foi?! Pq o espanto?! A mulher morreu?! Processemos o pai dela que me vendeu uma mercadoria avariada..
O homem controlava a respiração para conter o ar.
- Não meu senhor.. a sua noiva.. ela chegou.. e er.. é melhor que veja por si só meu senhor..
E o homem não lhe dava tempo de tempo de questionar do que diabos ele estava falando, saia correndo novamente na direção de onde viera, Papprizzio arqueava a fina sobrancelha e se colocava a caminhar na direção do salão, chegando finalmente ás duas grandes portas que davam acesso ao tapete vermelho que o levaria até sua noiva. Abriu o rosto num sorriso quando lhe anunciaram o nome
- Papprizzio Maldonatto, Duque de Veneza...
Sorria em um cumprimento artístico diante de todos até que seus delicados olhos verdes pousaram na figura de Giuseppe Bruni, bem ele era o pai da noiva.. e quem diabos era aquela viúva que ele tinha tido a coragem de levar para agourar o seu noivado!? arqueava a sobrancelha desconfiadamente caminhando na direção de Giuseppe e da mulher de preto.


Contado por Livro de Histórias

7:29 PM


Bem...

Ouso aqui escrever minhas memórias, não que já se trate de alguém à beira de partir deste mundo e entregar-se a enfadonha vida dos velhacos que habitam toda a Itália, e porque hei de escrevê-las? Ora para que quando nesta terra meu corpo já não habitar, e nem mais puder ser lembrado pelos colos afoitos das belas e castas damas que beijei, ou mesmo destilem dos lábios das mais ardorosas cortesãs de nossa corte, possa estar gravado na história como as estrelas que cintilam em cada noite de céu estrelada de Veneza. Que possa estar claro quem realmente fui, sem que paire sobre esta certeza nenhuma rusga de dúvidas.
E quem sou? Oras sou Giacomo Casanova e toda a corte me conhece como Casanova, e na boca dos mais amigos cintila Nova. E sobre o que sou? Um bom vivant com todo orgulho de dizer. Um homem que sabe acolher para si tudo de belo que a vida lhe pode proporcionar, seja uma noite de boemia regada aos melhores vinhos, seja nos cabarés sorvendo dos beijos das belas senhoras da noite, seja num quarto de convento tendo uma bela noviça a pedir para partir ou ficar. Sou com todas as letras que compõem a palavra mais rica de todo o dicionário. Bom Vivant, Bom Viver, Boa Vida.. Sim.. E a vida não seria por conseguinte bela quando bem aproveitada? Mas ousaria dizer que sou um pouco alem disto. Considero-me um médico. Um médico e por favor não riam. Um médico não daqueles cujo diploma morrerá envelhecido em negras molduras de quadros pálidos. Mas um médico de alegrias. Daqueles que receitam beijos em doses curtas e furtivas, ou mesmo em longas doses se a donzela estiver de cama, ou na cama. Sou daqueles que medicam a alegria em bailar a luz da lua nas margens do rio de Veneza. Dos que aplaudem o sorrir.. E não seria eu um daqueles doutores que curam os corações das jovens castas que esperam de seios arfantes a chegada daquele que seria para sempre seu príncipe encantado? Também daquelas que amargam a vida ao lado de um homem que nada mais enxerga nelas alem de seus piores objetos de desejos fálicos. Curandeiro de infelicidades. E duvido que em toda a Veneza tenha uma única mulher que pude um dia consultar a reclamar de meus atendimentos. Ora não estou sendo maldoso com palavras de baixo calão. Não.. Seria hipocrisia dizerdes isto. O Amor não é algo de baixo calão. A falta deste pois o é.
Ora posto que me esteja apresentado, deixo aqui o primeiro registro de todas as situações as quais passei e passarei nesta minha vida, boa vida, e quiçá possa transcrever com esta pena que estou a rabiscar este papel algumas de minhas mais preciosas consultas.

Giacomo Casanova.


Contado por Livro de Histórias

3:15 PM

Ato III – O noivado.

Narrador: E assim começa realmente nossa triste e bela história, se é que haveria algo de triste em se tratando de jovens tão, ímpares em suas vidas. Sim, pq não dizer que a briga acirrada entre Brunis e Casanovas advem de um tempo ainda mais antigo que este que iremos retratar. Mas não, não convém tirar o suave véu que encobre o passado dos jovens neste exato momento. Pq? Pq é dia de festa em Veneza, ainda que para alguns muito se lembre um enterro. Para outros, é noite de alegria e exibição...

Entram Paprizzio, Jean Carlo, Pepe e Rômulo.

Era noite em Veneza, mas não uma noite comum.. uma noite de baile, e não um baile comum, mas o baile pelo noivado do nobre duque Papprizzio Maldonatto com a jovem Francesca Bruni. E toda a corte estava convidada a desfrutar do explendor daquela festa. Todas as famílias de nome estariam lá e corriam a boca miuda que alguns que nem tanta nobreza possuiam, também estariam por lá. As carruagens chegavam aos poucos ao palacete de Paprizzio. Desde a morte de seus pais ele herdara todo o patrimônio no auge de seus poucos 17 anos. E lhe bastava apenas isto., Apenas o título de Duque, para que exigisse que todos lhe rendessem reverências de príncipe. A música ecoava dos órgãos por todo o salão onde algumas das mais belas damas ostentavam seus caros vestidos rendados esperando a honra de serem cortejadas pelos promissores rapazes que ali tambem estavam. às mesas os mais velhos conversavam ora sobre negócios, ora sobre quem teria sido a mais nova jovem a perder a pureza nas ruas de Veneza ou mesmo tendo em seus lençois algum homem impuro e não digno de sua castidade.. era baile.. era festividade.. era momento de falar dos outros e principalmente apreciar o que era belo. E assim estava Papprizzio em seu quarto ainda a vestir-se com esmero.
- Andem.. andem!!!! Onde estão as minhas luvas de pelica? - gesticulava para dois criados que se viam as voltas a tentar terminar de ajeitar-lhe a casaca com motivos dourados
- Duque Papprizzio, espere por favor.. espere.. – Geancarlo e Rômulo tentavam a todo o custo fazer aquele jovem alto e magro, de cabelos tão loiros quanto os raios de sol de Veneza que lhe caiam tão lisos sobre os ombros. enquanto um de seus criados lhe entregava uma luva negra para que usasse.. os olhos verdes como esmeraldas do garoto com traços tão finos quanto angelicais, reluziram de um ódio quase envenenadamente mortal para o pobre homem que cometeu a gafe de na pressa lhe entregar o primeiro par de luvas que encontrava
- Acaso está me tomando como um retardado?! - A voz juvenil denotava toda a ira aflorada no garoto - Estás vendo algum traço negro nestas vestes que uso? - Mantinha os olhos verdes preso ao homem que iniciava um tremer quase compulssivo
- É meu noivado sua anta, não o enterro da minha noiva!!!! - desferiu a luva de pelica no rosto do homem de modo a marcar-lhe com o roçar do tecido negro - Vê!!! este traje é claro.. claro como as manhãs de primavera que abundam meus jardins!!! Luvas brancas seu imprestável!!! - e sacodia as mãos obrigando aos homens que lhe ajeitavam a casaca a solta-lo com urgência - Alguém tire este imbecil da minha frente! Não tenho paciência para serviçais burros, o mandem embora.. agora!! – Pepe tentava balbuciar algo mas era impossível.. não havia o que questionar no que se dizia respeito a Papprizzio, saia e então o jovem duque voltava a deixar-se ser preparado para seu noivado- E andem.. andem que seria descortez eu deixar que minha noiva espere tanto..

As luzes se apagam na residência de Pappizzio e acendem no cenário ao lado, em casa dos Bruni, Francesca e seu pai Giuseppe, se aprontam para o noivado.

Francesca terminava de se arrumar finalmente, além do vestido negro, belo de época, que lhe caia colado ao tronco e solto ao corpo, tinha um chale negro e rendado sobre os ombros, o colo descoberto acentuava os seios, que não mais podiam se unir, tamanho o apertão que Victoria lhe dera no espartilho, os cabelos castanhos avermelhados, estavam presos em um delicado coque, com diversos cachos a fugir do mesmo, e uma delicada peça a adornar o penteado, um pente de borboleta que prendia-se ao lado do coque, e a borboleta de ouro com pedras de ônix negro brilhava, dando um toque de luz a dama de negro, olhou-se longos instantes, e suspirou fundo, logo deu as costas saindo do quarto, e deu Adeus a alguns empregados a casa, enquanto se dirigia a fora, onde uma bela e pomposa carruagem a esperava, seu gentil noivo, havia mandado que esta a pegasse, deve ser porque seu pai jamais poderia lhe pagar uma como aquelas, logo o cocheiro estendeu a mão, para apanhar da bela dama, e ela segurando a mão dele, lhe sorriu de leve, não podia ser indelicada com ele, ele em nada tinha culpa de seu lastimosos destino, sentou-se a carruagem, confortável, e logo observou o cocheiro fechar a porta, e ir até onde ocorria o baile, era um local próximo, mas Papprizzio, fazia questão de uma carruagem a fosse buscar, para o cavalo dar seis cavalgadas e logo eles estarem frente ao grande Salão do Baile, Francesca suspirou fundo, e ajeitou os cabelos, enrolando ao dedo nervosamente um cacho que se desprendera e correra até seu ombro, soltou o cacho quando o cocheiro abriu a porta e logo desceu do mesmo, onde a sua frente seu pai já a aguardava, os olhos azuis escuros de Francesca, encararam o homem, e logo ele lhe estendeu a mão a sorrir, ela respirou fundo, e antes de apanhar sua mão, retirou bruscamente o chale dos ombros, o levando sobre a cabeça e deixando que a renda encobrisse o rosto, e então sussurrou.
- ..Se vais me dar de presente, é bom que ao menos ele esteja embrulhado.... - A indignação de Francesca era obvio e ela não a esconderia. Tinha ido de negro, apenas para denota-la e agora a cobrir o rosto com o véu embrulhava-se como um presente, apanhou ao braço do pai e deixou que ele a conduzisse.

As luzes do segundo cenário se apagam, o terceiro é aceso, e a fachada da casa dos Casanova é retirada para dar visão a Giacomo e Lupu.

Lupu batia a porta do quarto do irmão. O homem de porte alto e forte mantinha-se diante da porta impaciente.
- Ande Giacomo!! Vamos nos atrasar para o baile, já não bastasse ser o fato de ver uma Bruni a se unir com o Duque e ver ir por água abaixo os planos de adquirir os portos para nosso pai.. ande.. quer por favor parar de se vestir como uma das damas da corte e sair logo deste quarto para que possamos ir?!
E a voz de Casanova poderia ser escutada pelas frestas da grande porta de madeira imperial que lhe selava o dormitório.
- Pois eu não sei, meu bom irmão como sente-se tão apressado em ver a derrocada para teus negócios.. Por Deus Lupu!!! Nem numa festa de noivado podes ver a diversão? A música?!?! - e lá dentro do quarto Giacomo acabava de amarrar os cordões brancos de sua camisa com babados que lhe fugiam nos punhos, a vestir a casaca de um tom de vermelho carmim, ressaltado em linhas de um dourado que combinavam com os cabelos loiros levemente ondulados, presos num rabo de cavalo por uma tira negra que lhe amarrava no meio do cabelo que já lhe ultrapassava os ombros - As mulheres, meu bom irmão, as damas que lá estarão, cada uma mais falsa casta do que outra.. - e ele ria-se enquanto os pés eram calçados com a bota e finalmente abria a porta diante do irmão, abrindo os braços como a exibir-se - Ora.. Lupu.. sejamos francos um com o outro, meu amado irmão.. - e ele aproximava-se olhando nos negros de seu irmão postiço, aproximando os lábios do ouvido de Lupu a susssurra-lhe como se lhe contasse um enorme segredo - és efeminado? Destes que se encantam com as calças dos rapazotes? Pq se for meu irmão.. prometo que podes contar comigo, afinal, não vejo graça mas.. se for teu desejo.. hei de considerar-te meu prestimoso e amado irmão .. e posso até mesmo levardes para passear na corte ao encontro destes rapazes que devem servir a tais propósitos..
O grande homem cerrava os olhos na direção do irmão a afastar o rosto
- Estás louco?! Não digas sandices, Giacomo!! - e erguia a mão como se fosse bater no pobre Casanova que já se destilava em sorrisos
- Não.. és muito bravo para ser um daqueles cocotes que andam na corte com mais maquilagem que a mamãe.. - tomava o irmão em um abraço conduzindo-o a escada.. e havia como ficar bravo com aquele garoto de gestos e falas impensadas? Lupu não sabia como, deixava-se abraçar e ser levado para fora da casa - ande.. ande que vamos nos atrasar para o espetáculo de bestas feras, quando o Duque infanto juvenil Papprizzio, irá nos apresentar a feiura carnal que adquiriu na feira dos bruni.. - e tomava a direção da saída do palacete onde a carruagem já os aguardava para conduzir ao baile do Duque Papprizzio.

Apagam-se as luzes do terceiro cenário para se acender finalmente a luz do quarto cenário que deixaria ver o salão de festas repletos dos nobres de toda a Itália, eis que se pode ver em lugares distintos, Victoria e Giovanni.

Victoria surgira antes da noiva, seria indelicado chegar após, deixou que seu primo, o noivo, fosse a frente e depois solicitou uma carruagem para somente ela, e finalmente descia da mesma, um pouco antes de Francesca chegar, e logo adentrou ao salão, e era como um anjo a reluzir, no vestido branco, o mesmo caia aos ombros delicadamente, deixando o belo e pálido colo nu, e soltava-se em uma saia branca devidamente rodada, com babados em um tom creme, assim como as rendas do decote, ao pescoço trazia uma fita de camurça creme com um pendulo de um belo coração de rubi, dando um destaque ao vermelho sobre o branco da roupa, trazia aos ombros um belo chale branco de rendas, os cabelos loiros prendiam-se ao alto da cabeça, cacheados e sem nenhum fio a fugir do prender, preso ao mesmo, estava uma delicada rosa, também vermelha, o sorriso da bela resplandecia ao salão, e todos pareciam cobiça-la, afinal era uma das poucas virgens que ainda restavam naquela Veneza, e os olhos verdes angelicais, passavam por cada um presente, e ela cumprimentava alguns cordialmente, e deixava-se caminhar até a mesa dos noivos, onde sentou-se delicadamente a espera de seu primo e sua melhor amiga, que iria horrorizar a todos vestida de negro.

Giovanni já estava naquele baile,. era parabenizado por diversos casais, diversos homens de negócios e estava satisfeito, por estar a quase um pé de voltar a alta sociedade. de voltar a ver os negócios da família aflorarem, e quiçá ter em breve o titulo de arquiduque, conde ou coisa do gênero. Sorria, e era só sorrisos dentro da casaca acinzentada que contrastava com os cabelos castanhos presos num delicado rabo de cavalo, amarrado com tiras cinza claras a combinar com a casaca, recebia dos serviçais uma taça com Don Pernignon e sim.. era muito bom voltar a sorver tão cara iguaria após tanto tempo..
- Sim Conde Alberto.. com certeza teremos prazer em escutar as propostas mercantis que virá nos fazer, Papai e eu devemos estar retornando os negócios tão logo acabemos os preparativos do casamento de minha doce irmãzinha.. - sorria devolvendo a hipocrisia que beirava as altas rodas.. e os olhos castanhos claros do rapaz pareciam vagar pelo salão em busca de alguém.. e onde estaria Victoria? Não a tinha visto ainda, até que os olhos puderam vislumbrar o anjo pálido e adornado de branco que surgia resplandecendo nos salões, e sentiu todo o rosto corar ao vê-la.
- Victoria.. - murmurava para si mesmo perdendo a atenção que tinha devotado ao Conde de Parma.. agora lhe interessava ver a bela jovem cujos olhos de uma zul celestial pareciam puxar-lhe a alma.. e pq não admitia para todos o que sentia?
- Nunca pensou em cortejar a Srta. Maldonatto,Giovanni?
A voz do Conde Alberto de Parma aliada a palavra corte despertou Giovanni de seus devaneios florais com a bela virgem de Veneza fazendo o rapaz engasgar com a champagne e quase sujar a própria roupa.
- Han? Corteja-la!? Não Conde.. por favor.. não é hora para pensar em uniões.. pretendo concentrar-me nos negócios da família por algum tempo.. - desconversava enquanto por canto de olhos observava Victoria.. sua bela e doce Victoria.


Contado por Livro de Histórias

7:06 PM



Ato II - Noiva ou Viuva?

- Tens de estar a mais bela, doce Francesca!!!
A voz matreira de Victoria soava pelo quatro não como um desejo, quase como uma ordem, e logo a loira se erguia da cadeira onde estava sentada e partia na direção de sua amiga, Francesca, que estava frente ao espelho, somente com o espartilho e a saia do mesmo a olhar-se ao espelho, o corpo magro, delineado por curvas que poucos poetas ousariam descrever, os cabelos castanhos avermelhados, caiam soltos pelas costas, em cachos leves, bem feitos, naturalmente perfeitos, e os olhos azuis escuros, focavam-se na própria imagem ao espelho, e logo Victoria apanhava as tiras do espartilho de sua amiga, a olhar para a mesma por cima de seu ombro, ao espelho
- Como pode a mais infeliz ser a mais bela, Victoria???!!!..Há de me comprar um sorriso? Vendem-se sorrisos como se vendem donzelas por estas bandas?...- o olhar era melancólico, quase como o de quem se entrega a forca
- Oh minha bela, se há então, compraste o mais belo....- apertou firme os cordões do espartilho, fazendo os seios de Francesca subirem ao extremo e avolumarem-se, pressionados pelo grossos tecido
- Arghhh...Deus...- levou a mão contra a cintura e a outra ao peito
- Pois a mais bela nem respirar o pode, tendo os seios quase a cobrir o rosto, tamanha a forma como me apertaste estes panos, Victoria!...Para uma casta hás de saber provocar em demasia não?...
Os olhos verdes de Vitória, cerraram-se de leve e logo ela sussurrou, enquanto amarrava os cordões
- Oras Francesca, não hei de considerar seu mau humor como ofensa de nossa amizade, mas não faça alusão de minha castidade como se fosse uma ironia de minha vida, é a minha verdade....
Francesca deixou-se sorrir, aquela forma suave, de quem morde os lábios a sorrir, até mesmo provocativa, segundo o conservadorismo exarcebado de seu irmão, e logo sussurrou
- E sorte de ti, que não tem que entregar sua verdade a um homem mais preocupado com as posses do que com a noiva que compra...
Victoria, puxou mais firme os cordões de Francesca, a fazendo gemer, e logo falou de modo mais imperativo
- Não fale assim de meu querido primo, ele é um bom homem, o melhor que podias arrumar Francesca, só não sou eu a casar com ele, porque o nosso parentesco não nos permite...
Francesca ouvia aquilo em total silencio, voltou os olhos ao espelho, encarando Victoria, e logo virou o corpo bruscamente, apontando o vestido a cadeira
- Deixemos de conversa, ajuda-me a me vestir, tão cedo o tormento começa, tão cedo ele acaba...Não conheço teu primo minha bela amiga, não posso julgá-lo, apenas não queria ser vendida como um objeto de boa barganha, nada mais....
Victoria apanhou o belo vestido negro sobre a cadeira, e logo se dirigiu até Francesca, fitou o vestido e depois a ele, e sussurrou um tanto abismada
- Vais a um enterro ou ao seu noivado, minha doce Francesca?...
Victoria, ergueu a face e encarou a amiga nos olhos
- Não podes vestir preto, hás de usar uma cor mais alegre, como deve estar à noiva de meu primo.
Francesca, apanhou o vestido das mãos de Victoria, e logo o passou pelo corpo, virando-se ao espelho, começou a ajeitá-lo, o mesmo era todo negro, com rendas de um verde musgo sobre os seios, um decote ovalado, que os deixava bem aparente, sorriu de leve, olhando-se, já iria enfrentar a todos, usando um vestido negro no dia de seu noivado, poderia sim aceitar, de boca fechado, mas não de alma calada. Virou-se a amiga, que acabara de prender seu vestido e já se retirava um tanto indignada com aquilo, e sorriu de leve antes de deixá-la sair...
- Mas é claro que é um enterro Victoria, o enterro de meu coração...


Contado por Livro de Histórias

9:52 PM


Ato I - Na Casa dos Casanova

Na casa dos Casanova, Giacomo e Lupu estão no quarto.
- Então me dizes quando haverá de tomar juízo, irmão... – a voz de Lupu sempre grave e forte como a própria postura do rapaz de rosto angular.
- Juízo??? – E a voz do jovem loiro se fazia retumbar no próprio quarto como o ressoar das gaivotas que voam livres ao céu. – E será que meu bom irmão poderia me dizer o que vem a ser Juízo? - Indagava enquanto amarrava os finos cordões da calça de sarja preta. – Juízo vem a ser estardes morto, perderes as alegrias da vida? – Caminhava até o irmão, apertando-lhe as severas bochechas num gracejo. – Aahh não.. Não me dizes.. Seria ser como tu és.. Capacho eterno de nosso pai. Que vive uma vida morta, sem graça ou fé... Não meu irmão, sendo assim o que quer que me ocorras, devo advertir-lhe.. Eu não tomarei tal remédio que me receitas sem bula. – E deixava um beijo estalado na face do irmão, passando por ele para sentar à cama e calçar as botas.
- Então achas que isto que vives é a vida, Giacomo? – Lupu caminhava até ele limpando o rosto que o meio-irmão, com uma expressão de quem transmite uma reclamação a uma criança travessa. – Não vês que nosso pai se desgosta a cada dia que um novo rumor sobre tu surges? A cada dia que se confirma esta tua sandice em buscar as saias das damas?
Giacomo vestia a camisa, apressadamente, tinha pouco tempo antes que o sol viesse a se esconder nas margens do rio de Veneza, o que consequentemente lhe daria início a mais uma aventura pelos telhados da casa em busca do convento.
- Ora.. Ora.. Não me venhas a ralhar você também, Lupu!! – E a expressão tornava-se divertidamente séria – Pois me responda meu amado irmão, se há, em toda Veneza lugar melhor para visitar que não as saias das formosas damas que habitam nossa bela cidade. – Deixava-se sorrir arqueando a sobrancelha como quem espera a resposta de uma pergunta que ele mesmo daria – Pois te digo!! Claro que há!!! Visitar o que se há por baixo das saias das formosas damas de toda Veneza.. E é esta formosa e encantadora incauta beleza que estou a ir buscar nesta exata hora que se aproxima.
Para Lupu não havia salvação. Seu meio-irmão pouco se importava com vil metais. E não havia meio que pudesse fazer para que persuadisse Giacomo a agir como um homem de bem, não como o garoto do qual o velho Don Diacomo recebia queixas e mais queixas a cada novo amanhecer, após a cidade ter noticia de mais uma fuga inescrupulosa de Giacomo pelos telhados de Veneza. Respirava exasperado enquanto via o irmão acabar de aprontar-se.
- Pois hoje.. Só hoje eu vos peço, meu irmão. Que não vá ao encontro das doces damas da corte. Que me acompanhes ao Clube. O jovem duque Paprizzio estará chegando hoje a Veneza por conta de seu noivado com a filha dos Bruni. E aqueles malditos Bruni bem sabem fazer um negócio. Paprizzio é o dono do maior porto de Veneza. O velhaco Bruni sabe fazer negócios eu hei de concordar. Está a casar a filha com Paprizzio, justamente quando o duque iria aceitar nossa oferta.
Giacomo erguia-se, deixando os olhos claramente verdes pousarem sobre os escuros do meio irmão, enquanto buscava sobre a cadeira disposta ao lado da janela a capa preta para amarrar aos ombros.
- Lupu.. Eu não creio.. – Respondia incrédulo como quem realmente prestava atenção na conversa de teor financeiro e político de seu meio-irmão. – Não creio que o velho Bruni – e falava com uma expressão caricata de nojo o nome da família rival de seu pai. – Que ele vai ser capaz de um jogo sujo como este contra nós.. – apontava para o próprio peito enquanto abraçava o irmão pelos ombros conduzindo-o para fora do quarto, fechando a porta atrás de si, olhando com uma seriedade grotesca para a expressão de desolo do irmão. – E eu te pergunto, meu adorado irmão... – Caminhava descendo a escada em semi espiral que dava acesso ao primeiro andar da pomposa residência dos Casanova no centro de Veneza. – O que eu, um pobre Casanova, tenho a ver com isto? Se o velho Bruni quer vender a filha tal como se fazem com as cortesãs de Veneza, que posso eu fazer a respeito disto? A pobre donzela deve ser mais feia do que a própria necessidade de comer, para se prestar a um papel como este. Eu mesmo não me recordo de tê-la visto em algum baile, ou jantares. Deve ser feia e manca como os ogros que habitam as historias para espantar criancinhas, porque convenhamos, o próprio Paprizzio é um garoto. Uma criança que brinca de ser rei, e ora meu irmão, é um chato!!! Azar dos Bruni se o querem de parente.
- Giacomo!!! Será que tudo para ti é brincadeira?! – Lupu irritava-se se soltando do irmão ao atingir o primeiro andar. – Eu preocupado com os assuntos de família e tu preocupado em galhofar sobre a beleza ou falta de atributos da Bruni?
Giacomo ria solto, fazendo uma referencia diante do irmão ao soltá-lo.
- Pois bem.. Farei como me pedes, e isto posto apenas por que és meu prestimoso irmão. Hoje e excepcionalmente hoje, não irei à casa de nenhuma donzela venezience.. Não estarei nos salões a ciscar por uma nova gaivota. Hoje e tão somente hoje, hm?
Lupu sorria de canto, ao menos isto, ao menos tinha conseguido um progresso com seu irmão e mal poderia acreditar.
- Então não vais saracotear vadiagem pelas ruas de Veneza? E para ondes vais tão apressado? Esspera-me arrumar e irei contigo ao clube para encontrarmos com Paprizzio.
Ainda a caminhar de costas para porta e de frente para o irmão esticava a mão retirando o chapéu do cabideiro próximo à porta e colocando-o sobre os louros cabelos.
- Eu disse que não iria aos salões.. Mas também não disse que iria remoer-me de tédio no clube em companhia de chatos como Paprizzio.. Irei ao convento, beijar a pele de uma bela noviça que me sorriu de forma nada religiosa quando meu deu seu horário de recolher.. – e ria virando-se de vez sem dar tempo ao irmão de rebater qualquer meia palavra que tivesse dito naquele momento e esbarrando na mulher elegantemente vestida que acabava por entrar pela porta da casa principal.
- Giacomo, meu filho aonde vais com tanta pressa? – A mulher sorria em ver o rosto avermelhado do filho ao esbarrar-se nela, apoiando-se nos braços do belo rapaz que a sustentaram evitando a queda e puxando-a para junto de si.
- Viver a vida mamãe.. Vou encontrar-me com nosso senhor.. – ria gostosamente enquanto deixava um beijo estalado no rosto da mãe. – Mas se ele não me atender.. Garanto que a filha dele me receberá de..... Ahn.. Braços abertos.. – piscava para a mãe enquanto recebia um bater de leque no ombros e saia pelos jardins para alcançar a saída da casa e a carruagem que passava pela frente naquele momento, conseguindo o impulso certeiro para subir no veículo em movimento.
- Para o convento Saint Germain!!!


Contado por Livro de Histórias

7:57 PM


É difícil prever o futuro e mais ainda é quase impossível aceitar o destino. Palavra forte, cujo empregar significa que tu não tens escolha, é destino.
Já foi escrito, e nem tu, com toda tua revolta, com todo teu clamor, podes ser capaz de mudar o teu destino.
Como um ser, um ser chamado “Destino”, cujo aspecto difere, alguns o vêem belo e suave como à brisa que que acaricia a planície no fim de toda tarde, onde o sol tímido se esconde e dá lugar a lua dos amantes. Ou talvez o vejam assustador e horrendo como uma chuva forte, daquela que castiga o corpo e leva consigo em uma alastrar grotesco a tudo que bem entende.
Como pode este ser que nem mesmo o aspecto é uma segurança, escolher o que há de ser a tua vida e a tua morte ?
Deve ser por tal que sofremos calados, aceitando o que nunca pudemos escolher, entender ou planejar. Por não conhecer o destino. Pudera, ele se esconde, se esconde em nossa falta de coragem, se esconde em nossa hipocrisia e em nossa aceitação submissa do que é imposto e ditado.
Planos e sonhos, que nos são arrancados, quanto outros decidem o fazer.
Foram-me arrancados, tomados, de minhas pequenas mãos, e depois tomados de minha quieta alma, com a vida invadida, e tendo a escolha moribunda de não ter escolha, de para salvar a quem amas, perder o amor que lhe é do próprio ser.
E a mim não é a força que falta, não a força que faltou a minha mãe, nem mesmo a falta de caráter que advinha de meu pai.
A mim falta o motivo! Motivo este que me levaria ao delírio, delírio necessário a enfrentar a meu pai, a meu irmão, a sociedade preconceituosa.
E dizer não ao que todos clamam ser o meu destino.
Achar seres justo o destino de passar a eternidade ao lado de um ser que não ama e nem por quanto carinho possui?
Pois eu não o acho, pois também não o nego!
Como já disse não existe o motivo.
Mas confesso, com o coração entre pedras. Que não fora assim que eu sonhei.
Não fora este destino que meus sonhos me apresentaram. Via-me sim, feliz e a reinar em uma casa repleta de amor. Vislumbre-me, em me casar por amor e não seguir o destino, o destino igual o de minha pobre mãe.
Que teve ainda depois da tristeza que a matou o martírio de carregar nas costas o titulo de louca, por um suicídio não somente do corpo, um suicídio da alma, um suicídio do coração.
E quem destes nobres hipócritas há de entender? O delírio de paixão de minha pobre mãe?....
E somente aqui, somente nas margens do Rio que levou o seu corpo é que sou capaz de escrever meus sentimentos, estes que não tem qualquer importância, a meu pai, a meu irmão, ou a sociedade preconceituosa...
Estes que são levados junto de minha mãe, pelo rio, pelas águas.
Águas que guardam os sentimentos.
Águas que protegem meu coração.
Do Rio de minha alma...
O Rio de Veneza.

Francesca Bruni


Contado por Livro de Histórias



*Esse é um jogo fictício*